História da Freguesia de Góios

Góios tem por orago Santa Maria, sob a invocação de Nossa Senhora da Expectação ou do Ó, como vulgarmente é mais conhecida.

O culto e Nossa Senhora da Expectação, muito generalizado em Espanha e Portugal, vem do tempo dos godos; em 661, no concílio de Toledo, foi instituída a festa da Expectação do parto da Senhora. Sob a origem da palavra Senhora do Ó é interessante a leitura do livro «Monumentos e Esculturas», do Dr. Vergílio Correia.

A igreja costumava e costuma ainda cantar nos sete dias que precedem o Natal, umas antífonas, que todas principiam pela letra Ó, dizendo clero e todo o povo a gritos Ó, Ó, Ó.

Destes Ó, Ó teve o principio intitular-se esta festa do Ó e também dar-se este título à mesma Senhora em suas imagens.

A algumas virgens pejadas se refere o «Santuário Mariano»; muitas desapareceram ou foram mandadas enterrar por abades escrupulosos ou ignorantes e poucas são as que chegaram aos nossos dias, guardadas religiosamente em museus.

Nesta parte do concelho que estamos percorrendo difundiu-se muito o culto a esta Senhora; haja em vista as freguesias que tomaram por padroeira.

Nada menos de três: esta de Góios, a de Martim e a de Moure.

Góios era vigararia da apresentação do Reitor do Convento de São João Evangelista de Vilar de Frades, Bons Homens de Vilar, este 1481, ano em que o seu abade Diogo Anes e renunciou, com aprovação do arcebispo de Braga D. Luís Pires, naquele convento e nele se meteu frade.

Góios deriva do b, latim Gáudios, em vez de gandia, os gozos ou prazeres de Nossa Senhora e tanto que se diz Santa Maria de Góios.

Nas Inquirições de D. Afonso II de 1220 vem com a designação - «De Sancta Maria de Gouvios», nas terras de Faria, e nelas se diz que o rei não tem aqui reguengo algum.

Esta freguesia passou a ser solar da linguagem dos Góios, família distinta, depois que no tempo de D. Dinis se extinguiu o apelido de Molnes, que eram os primitivos senhores da Honra que aqui existiu.

Houve na aldeia de Carcavelos, o tempo de D. Sancho II, um Paço honrado em que viveu Estêvão Pires de Molnes, déspota muito cioso das suas prerrogativas. 

Se esse paço era honra, ele quis estendê-la a toda a freguesia e impedir que nela entrasse as justiças de el-rei.

Assim, porque um tal Martim Vermui viesse penhorar ao Paço um lavrador, que nele morava, Estêvão Pires mandou-o prender e arrastar em volta da freguesia, dizendo-lhe a cada passo: «Por aqui é Honra» e no fim enforcou-o. 

Voltando lá a penhorar um Domingos Alcaide fez-lhe também justiça sumária: cortou-lhe as mãos e matou-o. 

Estas e talvez outras violências deram em resultado ser devassada esta freguesia e extinto o apelido de Molnes, no tempo de D. Dinis, ficando apenas honrado o Paço enquanto fosse fidalgo.